A LUTA AINDA CONTINUA

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No dia 20 deste mês, é a data dos 327 anos da morte do líder do histórico Quilombo dos Palmares. Zumbi como era conhecido, resistiu heroicamente ao ataque dos bandeirantes que destruíram o reduto dos escravos. Hoje, a Consciência Negra é um movimento que busca resgatar o valor e os direitos do negro na sociedade que tanto o marginalizou através dos séculos. E no Rio Grande do Sul como foi essa trajetória? No poema Negros no Sul, o poeta Oliveira Silveira, um dos líderes do movimento negro no Rio Grande do Sul declara: “No Sul o negro charqueou, lavrou, carreteou. No Sul o negro remou, teceu, diabo a quatro, o negro no Sul bombeou, batucou. A negra no Sul cozinhou, lavou, diabo a quatro. No Sul o negro brigou, guerreou, se libertou. Quer dizer ainda se liberta das mil disfarçadas senzalas, diabo a quatro, onde tentam mantê-lo agrilhoado”. Quinze anos depois da abolição da escravatura, a Cidade Baixa, a ilhota (junto ao arroio Dilúvio) e a Colônia Africana (atuais Bairros Bom Fim e Rio Branco) eram a periferia de Porto Alegre. Assim se formou o cinturão de moradores pobres, herança do período escravista. Essa região abrigou nos descendentes de escravos, mulatos, mestiços e a população branca miserável. Dessa área de excluídos saiu a mão-de-obra necessária para o trabalho, da lavadeira do riacho ao operário que surgia. Era também um reduto de sambistas e seresteiros. Não foi acaso que, em 1914, nasceu na ilhota o grande Lupicínio Rodrigues. Mas o negro no Sul, durante o século 21 continuará marginalizado. Até pela historiografia oficial, que desconhece a importância dos negros, desde o tempo das charqueadas. O historiador Mário Maestri observa que na sala de reuniões do Palácio Piratini há um imponente painel sobre a formação do Rio Grande do Sul, pintado no inicio dos anos 50 por Aldo Locatelli. Ali estão o oficial luso-brasileiro montado em garboso cavalo, o indígena empunhando a lança guerreira, os bandeirantes que disputaram o território com castelhanos e os imigrantes europeus. Não há negros na pintura. “Mesmo tendo desempenhado um papel importantíssimo nas vilas, fazendas, plantações e, sobretudo, na indústria charqueadora que, por décadas viabilizou o pastoreio mercantil gaúcho” – comenta Mário Maestri – “no painel de Aldo Locatelli e no inconsciente histórico popular não havia e não há lugar para o negro escravizado”. A consciência e o orgulho negros, entre avanços e recuos, tentam reverter a situação na chegada do novo milênio. (Fonte: Rio Grande do Sul – Um século de História). Minha sugestão: seria ideal construir um monumento como reconhecimento, na Praça Internacional, representando as figuras de um “soldado luso-brasileiro, um gaúcho, um índio e um negro”, verdadeiros desbravadores, conquistadores e defensores desta fronteira.

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