Setembro Amarelo: os cuidados para se ter uma saúde mental equilibrada

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Nesta semana, a psicóloga Jéssica Mathias Davila, conversou com a reportagem do Correio do Pampa, e contou a respeito da importância da campanha Setembro Amarelo, além de explicar de que forma é possível realizar o tratamento de uma pessoa com depressão.

CPAMPA: Qual é a importância do setembro amarelo?

Jéssica: “Acredito o Setembro Amarelo é importante, porque a gente começa a escutar de verdade as pessoas e levar a sério este pedido de socorro para que não ocorra o pior. Principalmente depois da pandemia ficou nítida a necessidade de a gente falar sobre os cuidados com a saúde mental e sobre suicídio, mas infelizmente quanto mais o tempo passa menos a gente se cuida e acaba ficando banalizada a necessidade de um atendimento psicanalítico e de uma terapia”.

 CPAMPA: Como é possível identificar uma pessoa com depressão?

Jéssica: “A pessoa nesta situação se odeia, não gosta dela mesma, acredita que ninguém ama ela e que a vida dela não vale. A depressão ela é uma questão da estrutura da pessoa naquele momento , porque não necessariamente a gente tem depressão, mas sim podemos ter fases depressivas e a ideação suicida marca muito, porque as pessoas começam a pedir ajuda e por esta falta de conhecimento da sociedade , ela não tem resposta nenhuma , já que acham que é normal e que a pessoa que avisa não vai fazer nada , porque se ela fosse fazer ela não avisava, só que na verdade não, quanto mais ela avisa , mais ela realmente vai fazer. Então assim é muito doloroso, para a pessoa chegar nesse nível, é porque já está assim a muito tempo”.

CPAMPA: Como é possível realizar o tratamento?

Jéssica: “Dependendo do nível da fase depressiva, eu sempre tento fazer um acompanhamento maior, no mínimo duas vezes por semana a consulta, se em duas ou três semanas eu não consigo ver evolução com essa quantidade de analise, eu encaminho para o psiquiatra , porque as vezes quando tu começa a falar sobre a tua angustia e as coisas que fizeram tu ter a depressão, tu sempre descobre quais são as motivações daquele sintoma, por isso primeiro eu tento verificar  mais afundo algumas semanas, e vejo se caso der uma diminuída na ansiedade e na angustia, eu dispenso o psiquiatra , porém se eu vejo que não adiantou, daí eu encaminho para ele”.

CPAMPA: A quanto tempo trabalha como psicóloga?

Jéssica: “Faz alguns anos que eu estou em formação psicanalítica e faz dois anos e meio que eu estou realmente clinicando, a gente sai da faculdade e faz o CRP e perante a lei esta apta para clinicar, mas na maioria das vezes não, já que o conhecimento da faculdade é muito raso perto do conhecimento que a gente necessita para poder clinicar. Meu consultório fica localizado na Tamandaré 1730, e quem quiser marcar uma consulta pode falar comigo pelas redes sociais ou pelo meu WhatsApp: 53 9973-6499”.

 CPAMPA: Já teve algum caso de paciente com depressão ou que pensava em se suicidar?

Jéssica: “Infelizmente já tive muitos casos de ação suicida e de depressão, mas hoje eu conto com o acompanhamento de um colega psiquiatra, o Dr Eleu da Rosa Pires que realiza um trabalho em conjunto comigo, já que a psiquiatria e a psicanálise têm que andar de mãos dadas. Eu preciso de um psiquiatra que eu confie e o psiquiatra precisa de uma psicanálise da minha área , porque o psiquiatra vai ver o paciente uma vez por mês , vai pegar o medicamento e ter uma breve conversa, porém quem tem o conhecimento sobre aquele paciente sou eu  que estou três vezes por semana, ou uma vez por semana com ele”.

CPAMPA: Acredita que aumentou o número de pessoas com depressão nos últimos anos? A que se deve?

Jéssica: “Aumentaram muito, inclusive eu acho que a pandemia nos ajudou bastante na questão do atendimento online, porque antigamente jamais tu irias imaginar buscar um atendimento desta forma ou tendo um paciente de outro estado por exemplo. Hoje em dia os meus pacientes são na maioria jovens e estudantes da Unipampa, além disso atendo pacientes de outros estados, como do Espirito Santo e de Goiânia, já que durante a pandemia eu fiz atendimento exclusivo online, então eu acho que isso acabou abrindo muitas portas, possibilitando que as pessoas busquem cada vez mais por atendimento. Nos últimos tempos as pessoas se deram conta que se tu ficar trancado em casa e não tiver que sair , comprar algo ou se divertir com os teus amigos, a única coisa que tu tem que ter em dia é a sua saúde mental, porque se não a gente acaba enlouquecendo”.

Santanense relata a sua experiência ao conviver diariamente com a depressão

A reportagem também conversou com Ralph Quevedo, que contou um pouco sobre a sua trajetória no tratamento da depressão, além de destacar a importância do Setembro Amarelo.

Ralph relata que o Setembro Amarelo deveria ser todo ano, pois as doenças como a depressão matam cada dia mais por falta de acompanhamento e esclarecimento, em razão disto o poder público deve cada vez mais ter centro de apoios às pessoas que passam por problemas semelhantes, em vista que o crescimento das mortes é a cada ano maior. Segundo ele o número de pessoas com depressão aumentou devido ao maior tempo de consumo de internet, redes sociais, isolamento social e regras impostas pela pandemia, além disto ele fala que acaba tendo ataque de ansiedade algumas vezes, por usar máscara em ambiente fechado. Ele conta que, para ele a depressão foi horrível e ainda é, porque ele ainda realiza o tratamento, já que a meses atrás ele tentou se suicidar, mas hoje em dia vê como fora de sua realidade.

“No momento, na situação e na dor parece que desistir é o melhor, fui salvo, não desisti, mas sim fui encontrado e salvo a tempo. Se não tivesse sobrevivido, não teria vivido momentos maravilhosos nos últimos meses, hoje tento levar um pouco de esperança para os corações e mentes que passam pelo mesmo que passei” comentou Ralph.

Foi perguntado a ele que conselho daria para quem está em uma situação parecida com que viveu, ele conta que falar para as pessoas terem amor próprio parece fácil e é, mas nada substitui a terapia, o acolhimento de alguém que lhe ama ou mesmo a própria família.

“Não é vergonha ir no psicólogo, psiquiatra Dra. Alexandra e Dr. Cézar são meus anjos e eu estou em equilíbrio para tomar minhas decisões e ser o meu melhor, no meu trabalho e na vida pessoal, por isso na vida, nunca dependa dos outros, faz por ti e se fizerem mal a você, saiba que se  o mundo está doente, você não tem nada a ver com isso, siga firme” comenta Ralph.

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