História

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O COMPORTAMENTO DO GAÚCHO ANTIGO

O juízo e o conhecimento de como era o gaúcho antigo foi baseado em grande numero de observações pelos viajantes estrangeiros que cruzaram a região dos pampas. Foram narrativas importantes sobre o gaúcho antigo e seu comportamento. Por exemplo seu caráter, assim descrito pelo Capitão F.B. Head em 1827: “O caráter do gaúcho é com frequência muito estimável. É sempre hospitaleiro; em seu rancho o viajante, sempre encontrará amistosa boa vinda e geralmente será recebido com uma dignidade de maneiras muito notáveis que quase não se espera encontrar em ranchos de aspecto tão pobre. (…) É curioso vê-los invariavelmente tirando o chapéu ao entrar em uma peça sem janelas, porta de couro vacum e teto escassíssimo”. Em 1870, Cunningaham Graham, Rio da Prata, observou:” (…) levavam uma filosofia humilde mas bondosa e uma ausência absoluta de inveja (…)” Outro aspecto a considerar é a hospitalidade um marcante fator cultural possivelmente de origem indígena, Ibérica ou devido talvez a sua vida isolada. J.G. Semple (Rio Grande em 1797) registrou:” A hospitalidade dos rio-grandenses excede a tudo o que vi em outras partes do mundo”. Luccock (1809) diz: “O povo do lugar dispõe de pouco conforto, mas esse pouco eles o partilham de boa mente com os forasteiros. A carne de vaca é boa e, menos de recomendar que fosse, raramente deixaria de ser bem-vinda após um dia de penosa cavalgada. A cada casa de fazenda, por pequena que seja, uma grande extensão de terra se acha apensa; mas o grande porte da fazenda, nem a generosidade da natureza, consegue mitigar a pobreza dominante, se é que de pobre se pode chamar aquele que sobejamente possui de comer e não teme escassez futura”. Arséne Isabelle )1833) comente sobre o assunto; “A hospitalidade é ainda, entre a maioria (dos rio-grandenses), uma virtude que se pratica com generosidade”. Dreys generaliza dizendo que o rio-grandense em geral “é hospitaleiro, generoso e possuidor de uma vida de abastança”. Sobre a Ética, vejamos esta descrição dos tropeiros no romance quase documental Recordações Gaúchas, escrito em 1905 por Luis Araujo Filho, remontando-se a um período por volta de 1860:” Naquele tempo o tropeiro cercava-se de uma certa aura de probidade ilibada e confiança quase sem limites. Quantias, não em papel como hoje, mas em bom ouro, capazes de proporcionar uma regular fortuna, eram facilitadas a homens que outra cousa não tinham para dar em garantia, senão a sua palavra, e esta era aceita e desempenhada”.  Tais descrições, que citei, descrevem algumas características do gaúcho nómade primitivo, impressões sobre esse tipo humano, livre, que percorria, no lombo do cavalo a imensidade do pampa.

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