Diálogo – 29/05/2021

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Algo vai mal nas Nações

Os novos bilionários que surgiram com o mercado da vacina são CEOs e investidores da Big Pharma. Receberam recursos públicos para pesquisar o imunizante contra a covid, mas fizeram da tragédia um negócio rentável: nove atingiram o 1º bilhão; oito, ampliaram suas fortunas em US$ 32,2 bi. Pelo menos nove pessoas se tornaram bilionárias desde que a pandemia de covid-19 começou em 2020, graças aos excessivos lucros que as empresas farmacêuticas estão tendo com os monopólios das vacinas. A revelação foi feita esta semana pela Aliança Vacina para Todos (People’s Vaccine Alliance) às vésperas da Cúpula Global de Saúde dos líderes do G20.

Os principais membros do G20 que se encontraram neste dia 21 de maio, incluindo o Reino Unido e Alemanha, estão bloqueando iniciativas que possam aumentar a produção de vacinas, como a quebra do monopólio da produção das vacinas por algumas poucas empresas. Enquanto isso, a pandemia continua a matar milhares de pessoas em países como Índia, Nepal e Brasil, onde apenas uma pequena fração das populações foram vacinadas.

Os dados são da lista de bilionários da revista Forbes e revelam a imensa riqueza que está sendo acumulada por um pequeno grupo de pessoas graças às vacinas contra a covid-19, que contaram com muitos recursos públicos durante as fases de pesquisa. Esses novos bilionários estão sendo criados com o aumento do valor das ações das empresas farmacêuticas com a expectativa gerada de grandes lucros com a venda de vacinas. O monopólio que essas empresas têm na produção de vacinas permite que elas determinem o preço das doses e também a sua distribuição.

“É uma vergonha constatarmos que poucos estão lucrando muito e enriquecendo enquanto milhões de pessoas continuam sem acesso às doses que salvam vidas. Essas vacinas foram desenvolvidas com muito investimento público em vários países e devem ser consideradas um bem público”, afirma Kátia Maia, da Oxfam Brasil. Mais do que nunca é preciso que coloquemos em prática a licença compulsória das patentes das vacinas para aumentar a produção e fazer com que elas cheguem a quem mais precisa. Temos que priorizar a vida das pessoas, não os lucros das empresas.

No início de maio de 2021, os Estados Unidos apoiaram as propostas da África do Sul e da Índia na OMC de suspender temporariamente esses monopólios e também as patentes das vacinas contra covid-19. Essa iniciativa tem o apoio de mais de 100 países em desenvolvimento, além do Papa Francisco e de mais de 100 líderes mundiais e vencedores do Prêmio Nobel. Apesar disso, países mais ricos, como o Reino Unido e a Alemanha, continuam a bloquear a proposta, colocando o interesse das farmacêuticas acima do que é melhor para a humanidade.

Essa crise de saúde global bate na cara das Nações por uma reação moral pró humanidade e não a proteção ao lucro sem ética. As Nações têm que ser soberanas em nome da humanidade e não às farmacêuticas, estas, um açoite do mal ao lucro inumano numa pandemia.

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