História – 15/05/2021

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PRINCESA ISABEL ASSINA A LEI ÁUREA

Encontrei no meu arquivo uma reconstituição histórica do Jornal do Senado – Rio de Janeiro, segunda-feira, 14 de maio de 1888.  Neste último dia 13, são passados 133 anos da Abolição da Escravatura no Brasil. Então, vou transcrever parte dos acontecimentos narrados no jornal desse fato histórico, como segue: ” Desde a tarde de ontem, dia 13, está extinto em todo o Brasil o trabalho escravo, prática das mais cruéis e condenáveis que foi permitida legalmente no país por mais de 300 anos. Menos de três horas depois da aprovação do projeto pelo Senado do Império, a princesa Regente Dona Isabel, com uma pena de ouro ofertada pelo povo, sancionava em solenidade no Paço da Cidade a já chamada Lei Áurea. É opinião generalizada que a Pátria se tornou realmente livre com o ato que retirou o Brasil da condição de única nação do Ocidente que ainda explorava o elemento servil. Estima-se que mais de 600 mil escravos foram beneficiados pela lei. SORRISO E LÁGRIMAS. A Fisionomia da Princesa Regente, sempre expressando contentamento pelo ato que acabava de assinar, às vezes dava ares de preocupação, em virtude da gravidade do estado de saúde de seu augusto pai, que está em tratamento na cidade italiana de Milão, sob o cuidado de três dos melhores médicos europeus. Confiante em que o Senado aprovaria a proposta nesse domingo, Dona Isabel, tendo a frente Souza Dantas, entregar à Princesa Regente o autógrafo do projeto, cujo texto foi transformado numa verdadeira peça de arte pelo conhecido calígrafo Leopoldo Heck. Na oportunidade, Dantas felicitou Dona Isabel “por caber-lhe a glória de assinar a lei apaga dos nossos códigos a nefanda mácula de escravidão, como já lhe coube a de confirmar o decreto que não permitiu nascerem mais cativos no Império (a Lei do Ventre Livre)”. Falando em seguida, sem conter as lágrimas, Dona Isabel declarou: “Seria o dia de hoje um dos mais belos de minha vida se não fosse saber estar com meu pai enfermo. Deus permitirá que ele nos volte para tornar-se, como sempre, útil à nossa Pátria”. Participaram da cerimônia, na Sala do Trono, senadores, deputados, ministros, magistrados, embaixadores e outras personalidades, além de gente do povo, que em delírio, invadiu o palácio. Em frente ao edifício, na Praça Dom Pedro II, cerca de 5 mil pessoas se aglomeravam. A multidão irrompeu em ruidosas aclamações quando o deputado Nabuco, de uma sacada do Paço, comunicou ao povo que não havia mais escravos no Brasil. Chamada pelos cidadãos que se concentravam diante no palácio, Dona Isabel surgiu numa janela, sendo mais uma vez aclamada pelos manifestantes”. Caros leitores, assim termina esse relato histórico de um processo secular resultante de mobilizações sociais, morais, políticas e econômicas do Brasil império.

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