Ex-funcionária da Casa do Bem conta que acolhidos almoçaram feijão com retalhos de presunto

Outra testemunha também afirmou ter recebido alimentos estragados
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Na quinta-feira, 13, foram ouvidas mais duas testemunhas em sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos alimentos da Assistência Social, na Câmara de Vereadores de Sant’Ana do Livramento.

Criada no dia 31 de março para investigação e apuração de responsabilidades pelos fatos identificados por vereadores em vistoria no almoxarifado da Secretaria de Assistência e Inclusão Social, a CPI tem como presidente a vereadora Maria Helena (PDT) e vereador Dagberto Reis (PT) como relator.

Continuando com esta etapa do processo de inquérito, as oitivas, a sessão contou com a participação de Elisa Garcia Carvalho e Silvia Leticia Pereira de Pereira.

A dona de casa Elisa Garcia Carvalho confirmou que esteve no gabinete da vereadora Eva Coelho onde contou que recebeu alimentos estragados e, durante a sessão relatou novamente o que ocorreu. Segundo ela, entre o fim do mês de fevereiro e início de março deste ano, o feijão e leite que recebeu estavam estragados. Elisa disse também que esteve outras vezes na Secretaria e não foi atendida.

Ao responder um questionamento, ela disse que não fez registros do fato para comprovar, mas os vereadores destacaram que o depoimento já consta como prova na CPI, pois as testemunhas fazem um juramento de que estão dizendo a verdade.

Já a ex-funcionária, Silvia Leticia Pereira de Pereira, disse que atuou na Casa do Bem durante um ano e meio como cozinheira, mas seu contrato venceu em abril e mesmo depois de ter sido informada de que o contrato estava renovado, foi exonerada, logo após realizar uma denúncia. Ela destacou não ver outro motivo para a sua exoneração se não a denúncia, feita no dia 12 de abril.

Silvia contou que, em uma sexta-feira, notou que o estoque de arroz e leite estava acabando, e na segunda-feira quando retornou ao trabalho, já não havia mais e as crianças tinham ficado sem esses itens no fim de semana.

Além disso, de acordo com ela, estavam com falta de carne e frango, uma deficiência que já vinha acontecendo e foram entregues apenas retalhos de presunto, bacon e calabresa. “Eu cozinhava para 13/14 acolhidos, mais alguns funcionários, e usava dois pacotes de coxa, era o que eu tinha. Tinha que controlar pra não faltar”, afirmou.

Segundo a ex-funcionária, em uma data registrou em fotos a falta de alimentos e que os acolhidos estavam almoçando feijão com retalhos de presunto e denunciou no Conselho Tutelar. E, em seu depoimento Silvia ainda disse que poucas horas depois a Secretaria de Assistência e Inclusão Social esteve na Casa do Bem, se reuniu com a equipe e disse ter recebido uma denúncia anônima de que um funcionário registrou a situação. Silva ainda relatou que na época era orientada na Casa a “se virar com o que tinha”. Ao analisar, ela contou que no governo anterior acontecia de faltar alimentos e no governo atual não há diferença. “Só que no governo anterior eu não recordo de chegar nesse ponto que chegou agora”, disse.

A ex-cozinheira contou que encontrou arroz com larvas e não pode trocar o alimento, pois na Secretaria todos estavam na mesma situação. Ainda, ela respondeu a um questionamento dizendo que era comum, nos últimos meses, encontrar arroz, massa e feijão, com larvas. E esse fato, de acordo com ela, aconteceu também no fim do governo anterior, o qual também denunciou.

Ela explicou também o procedimento e suas funções como funcionária da Casa do Bem. Silvia relatou que os alimentos estragados não estavam vencidos, mas já havia ocorrido de enviarem alimentos vencidos ou prestes a vencer.

A investigação compreende o período de março de 2020 até março de 2021.

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