Vice-prefeito explica a decisão por liberar a entrada dos ônibus de turismo

Evandro Gutebier ressaltou que não irão tomar tal decisão enquanto não houver legislação que autorize
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A liberação da entrada de ônibus e vans de turismo no município de Sant’Ana do Livramento é tema de discussões e polêmicas constantemente. É questionado o motivo para que o Executivo Municipal não proíba a entrada mesmo em momentos de bandeira preta.

Com isso, a reportagem do jornal Correio do Pampa entrevistou o vice-prefeito Evandro Gutebier, para saber o posicionamento do Governo Municipal quanto ao assunto. Confira:

CPampa: Porque mesmo com as polêmicas envolvendo essa questão, o Governo Municipal manteve a decisão de liberar a entrada dos ônibus de turismo?

Evandro: Nós não temos legislação para isso, a nossa legislação é clara, tu tens o direito de ir e vir dentro do teu próprio país. Então, a nossa legislação não admite que possamos trancar os ônibus de entrar em Santana do Livramento. Não tem como impedirmos os ônibus, a não ser que fosse uma determinação judicial, o que não aconteceu.

CPampa: Foi aprovada na Câmara uma indicação para a restrição da entrada e, em seguida, um promotor do Ministério Público notificou a prefeitura para que as medidas tomadas fossem informadas. Como aconteceu essa movimentação e qual o posicionamento da Prefeitura?

Evandro: A princípio foi um entendimento, não temos legislação que proíba e que possamos contestar a entrada dos ônibus. A Câmara pode deliberar pelo que quiser, mas fizemos dentro da legalidade, e a legalidade não nos permite que tranquemos os ônibus. Através do decreto do Estado conseguimos até limitar o número dos passageiros, mas não conseguimos proibir eles de entrarem no município.

CPampa: Se tivesse essa possibilidade, o Governo tomaria essa decisão?

Evandro: Eu acredito que sim, dependendo da situação que estivéssemos passando, porque realmente hoje nos assusta, tanto que Rivera fechou. […] Mas vamos ver que não vai ter tanto ônibus entrando no município, porque é um turismo de compras, e como o Uruguai inteiro tomou essa decisão (de fechar), não estamos recebendo turismo de compras.

CPampa: Há alguns dias os ônibus foram proibidos de estacionarem no centro e ficou estabelecido o entorno do DAE como o local autorizado. Como isso estava funcionando e o que motivou a decisão?

Evandro: Eles estavam respeitando, até porque fizemos o pedido de estacionar esses ônibus na Urcamp, mas como não determina aqui e sim em Bagé, ainda não recebemos a viabilização daquela área. Mas a intenção era essa, tirar um pouco do volume de ônibus no centro da cidade.

CPampa: Em caso de piora na situação, cogitam impedir a entrada de ônibus de turismo?

Evandro: Se nós pudéssemos até teria, mas temos que respeitar a legislação federal. Fazemos tudo dentro da legalidade. Se a legislação permitisse, faríamos, mas como não permite, não fazemos.

CPampa: Quais são as regras que esses transportes devem seguir para entrar na cidade?

Evandro: As regras do Estado. O Estado determina a lotação e nós obedecemos ao decreto.

CPampa: Eles estão seguindo as regras? Como tem sido a fiscalização?

Evandro: A princípio, estão. A fiscalização acontece na entrada, sabemos que tentam burlar, mas fazemos dentro do possível para que as coisas sejam cumpridas a rigor.

CPampa: As pessoas comentam sobre acreditarem que a vinda de pessoas de fora pode ser ruim por “trazerem” Covid. Acredita que isso possa acontecer?

Evandro: As pessoas as vezes dizem que o turismo de compras não deixa nada para o município, mas eu não acredito, porque 60% dos empregados que trabalham em Rivera são daqui, brasileiros, e também 60% dos uruguaios fazem compras aqui, principalmente quanto à alimentação. Então, acredito que é uma via de mão dupla, no momento que Rivera funciona, obviamente respinga aqui e nos dá algum retorno para o município.

Observação

O médico Marcelo D’Ávila, que trabalha na linha de frente de combate à Covid-19, utiliza as suas redes sociais para mostrar a realidade do trabalho e mostrou o seu ponto de vista quanto a essa questão em uma publicação, em que comparava a visão dos ônibus (foto) da janela do hospital a uma tomografia do comprometimento pulmonar de um paciente que esteve internado na UTI. Ele comentou que enquanto estava de plantão e recém havia entubado outra paciente na UTI com Covid, tirou as fotos e pontuou: “O que as fotos têm a ver entre si? – Alguém pode perguntar. Muito mais do que se possa imaginar…”

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