Diálogo – 20/03/2021

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Todo o afeto do mundo

Toda felicidade agora neste mundo precisa de três coisa: a saúde, um sentimento, um pensamento. Do valor da saúde, só lembramos quando nos falta. Claro que não é preciso ter uma saúde de atleta, basta até meia saúde, pode mesmo bastar uma saúde delicada, porque aí sempre tem um médico para nos devolver a felicidade de estar vivo, mesmo que entrevado. Se a saúde nos fecha muitas portas à alegria, abre-nos, em compensação, outras tantas, de nos impedir cometer imprudências, que são inimigas declaradas de toda a felicidade.

Para os poetas, a principal pedra angular da nossa vida é o afeto, pois nenhuma felicidade é possível a quem não ama senão a si próprio; todas as portas da felicidade são abertas a quem muito ama. Repare que eu digo a quem ama e não aquém é amado. Esta conta, em matéria de sentimento, e de felicidade não se liquida como nos livros de poesia. Basta fechar um livro e encarar o dia a dia e veremos quantas criaturas neste mundo, todavia, dizemos tímidos, nesta vida, que seja tão breve: Primeiramente nossa mãe, que nos dá o primeiro beijo, o pai, que nos faz a primeira carícia, sem esquecer que antes de tudo o médico que nos deu aqueles tapinhas para o primeiro choro. Depois vem aquele bando de malas alegres dos nossos irmãos, depois os amigos que escolhemos, entre tantos companheiros do nosso pensamento. Quantos amores divinos vivimos, e todos eles belos e querido, a quem dedicar as nossas palpitações, com quem abençoamos a vida. O afeto é tão necessário à felicidade que, se fosse possível encontrar um padrão, que não existe, para medir qual dos homens felizes, seja o felicíssimo, eu diria que é aquele que mais ama e que mais amado é.

O homem não é todo corpo, nem todo coração, é também pensamento, e cada um de nós, nas devidas proporções, não pode ser feliz, se não pensa, se não trabalha, se não dirige a proa do próprio barquinho para algum fim determinado. Nenhuma dor é mais intensa, mais incurável do que o aborrecimento de quem nos faz falta. E na hora H, da doença, anjos de branco estão sempre lá, zelando com afeto pelo nosso conforto.

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