História – 21/11/2020

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UMA REPÚBLICA DE ESCRAVOS

No dia 20 do corrente, foi comemorado o Dia Nacional da Consciência Negra, quando é lembrado o fato histórico do Quilombo dos Palmares, formada por negros fugidos dos engenhos, desde a Paraíba até Porto Seguro, a mesma não passava de uma monarquia, com um rei eletivo e vitalício chamado Zumbi. Por esse nome também eram apelidados os capitães, que chefiavam os soldados da república negra. Reinava ordem entre os habitantes, governados por severa disciplina. O roubo, o adultério, a deserção e o homicídio eram punidos com pena de morte. Os escravos fugidos eram considerados livres no Quilombo. Interessante, porém, é que esses libertos capturavam, nos engenhos, os escravos que não haviam querido fugir, e os tornavam escravos seus, dentro do território onde se achavam localizadas outros quilombos. Alguns desses quilombos chegaram a possuir mais de 1.500 casas, com uma população de 8 a 10 mil almas. Vivam os quilombolas de agricultura, de caça, de pesca e dos assaltos frequentes que faziam às fazendas, engenhos e vilas. Tornaram-se, por isso, perigosíssimos. Numerosas expedições foram enviadas contra eles, não só pelos portugueses, mas também pelos holandeses. Mas o núcleo principal dos quilombos, na serra da Barriga, resistia a todas as expedições.  Somente em 1695, foi a “Tróia Negra” destruída por uma expedição militar comandada pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. O cerco dos Palmares durou três anos. A luta pela conquista do reduto final foi terrível. Os negros se defendiam com um heroísmo de espantar. Já desfalcados de munições, utilizaram nos combates tições de fogo e água fervente. Conta a lenda que Zumbi, rei e líder guerreiro dos quilombolas, e seus principais capitães lançaram-se de um despenhadeiro abaixo, para não cair vivos nas mãos dos inimigos. Mas os historiadores afirmam que Zumbi morreu em combate, vitima da traição de um negro de seu bando. Zumbi cujo nome quer dizer “Deus da guerra”, o rei soberano. Os sobreviventes da sangrenta luta foram levados cativos e vendidos como escravos. Porém, Zumbi foi decapitado e sua cabeça ficou exposta na praça central de Recife como exemplo e para aterrorizar os negros, que o julgavam “imortal”. Palmares foi o mais significativo e o mais simbólico dos quilombos. Seu próprio líder, Zumbi, virou figura mais mitológica do que heroica. As poucas fontes originais relatando a resistência épica e a trágica derrocada do quilombo foram redigidas pelas mesmas mãos que a destruíram. Palmares caiu em 6 de fevereiro de 1694. Ainda assim, sua história permanece envolta em penumbras e mitificações e repleta de lacunas.

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