História – 26/09/2020

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NEGROS NA CAVALARIA FARRAPA

Muito tem se escrito e falado a respeito da participação e existência de corpos de lanceiros na cavalaria do exército farroupilha, de origem negra, escravizados, atraídos pela promessa de obter a tão sonhada liberdade. Procurei pesquisar sobre referências de alguns historiadores acerca de mais de um ou mais corpos constituídos por elementos negros, quer na cavalaria ou infantaria. Por exemplo, Araripe, um dos primeiros historiadores a tratar Revolução Farroupilha, escreveu: “O exército republicano ou rebelde tinha então por elementos de força a tropa de linha, que desertara com os oficiais sediciosos, que abandonaram as fileiras legais na ocasião da sedição de Porto Alegre, e expulsão do Presidente Fernandes Braga; agora a república adicionava esta força permanente, organizando o batalhão, que denominou de lanceiros, composto de escravos, que por violência os rebeldes arrebatavam das estâncias dos legalistas, ou que voluntariamente procuravam os estandartes da rebeldia, convidados pela esperança da libertação, ou que compravam aos possuidores amigos do governo republicano”. O exército republicano chegou a contar com um número expressivo de escravos e que os imperiais denominavam os esquadrões composto de negros de “Legião Africana”. Os que faziam parte das unidades de Davi Canabarro, Netto e Teixeira Nunes, eram chamados de “lanceiros colorados”, assim chamados em virtude da preponderância da cor vermelha em seus uniformes ou também chamados de “camisas coloradas”.  Assis Brasil escreveu: “Estavam ali também Joaquim Pedro Soares, ajudante-general e comandante do 1º Corpo de Lanceiros, esses semibárbaros redimidos da escravidão, que a sua bravura guiava ao combate com a impetuosidade da torrente”. Claudio Moreira Bento, em seu livro diz que: “Ficaram célebres os Corpos de Lanceiros Negros Farroupilhas, principalmente o comandado pelo intrépido Joaquim Teixeira Nunes, o “Coronel Gavião”.

Era comum que o estancieiro para evitar que seu filho fosse convocado à guerra o substituía por escravos de sua propriedade. Os esquadrões de lanceiros eram comandados por brancos e não por negros. Os registros omitem, mesmo nos desenhos, referências ao negro combatente. Em alguns casos aparecem, nos registros, distinções de Clavineiros brancos e Clavineiros colorados. Agora, não se pode omitir a valorosa participação do negro na revolução, pelos seus atos de coragem e bravura. Cabe aos historiadores enaltecer a participação e o valor do combatente negro na história do Rio Grande do Sul.

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