A palavra coragem significa: “energia moral ante situações aflitivas ou difíceis”. O gaúcho antigo sempre se destacou por ser corajoso nas guerras e revoluções. Uma característica eminentemente cultural, que não pode ser negada devida a sua formação histórica e “modus vivendis”. Os acampamentos, os entreveros, a fumaça dos canhões, o som das fuzilarias e as cargas de cavalaria forjaram sua identidade. Surgiam assim homens sem medo de coisa alguma, em qualquer situação, preservando-os das agressões. E, para consolidar meu posicionamento, fui à procura de registros de antigos viajantes que documentaram suas andanças pelo Rio Grande do Sul no século XIX (1822). Vou começar com esta observação de Saint-Hilaire: “Em geral, os homens daqui (Rio Grande do Sul) são extremamente corajosos (…). Contam-se as centenas seus atos de bravura. Estão sempre dispostos às mais árduas lutas, mas é difícil sujeita-los, a uma disciplina regular(…)”. Nunca desertam, diz Saint-Hilaire pela covardia, mas o fazem frequentemente quando os deixam inativos e então retornam aos lares. Em 1833, Arséne Isabelle escreveu: “Suas longas contendas com os argentinos os tornaram guerreiros, e deram mais de uma vez, provas de coragem, quando por acaso fossem comandados por generais experimentados.” O Dr. Ângelo Dourado, coronel médico, testemunha ocular da Revolução Federalista de 1893, acompanha a coluna de guerra de Gumercindo Saraiva com o único fito de estudar as fisionomias e os gestos dos homens ante a morte eminente. Ele faz uma narrativa emocionante em seu livro Voluntários do Martírio, e escreve: ”Nenhuma feição contraída, nenhum gesto de desconforto naquele punhado de abnegados quase nus, desarmados, trazendo as bandeirolas presas em madeira para fingirem lanças.” (..) “ Que coisa estranha é esta de dizer-se; Marchamos para a morte! Os semblantes não se alteram, ao contrário, parece que todos se alegram”. O gaúcho em posição de fronteira, uma sentinela avançada, sempre alerta contra as nações vizinhas e rivais. O povo gaúcho tem sido em toda sua vida embalada pelo som dos clarins e o rufo dos tambores. A peleia e a coragem foi o que mais agradou ao gaúcho antigo, e fez da valentia a sua bandeira.
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