Não é hora de naufragar

Alexandre Girardi - Diretor executivo-financeiro da Sabemi
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Para muitos, a sensação neste momento é de que o mundo está desabando, com perdas muito grandes, não apenas em vidas, que são o bem mais precioso, mas também na forma de prejuízos financeiros. Eles atingem empresas e, por trás delas, pessoas físicas, não apenas trabalhadores e clientes, mas também investidores, pequenos e grandes, apreensivos com as variações nos índices econômicos, apresentados com frieza na tela do computador. Por trás da desvalorização de um fundo há o impacto em famílias.

Nesse cenário dramático, como um executivo que dedicou a carreira a respeitar as lições do mercado financeiro não apenas à frente dos negócios mas também na vida pessoal, eu me permito dar dois recados. O primeiro deles é: confie que este momento será superado. O segundo: a educação fi nanceira é sempre bem-vinda, tanto para os maus momentos como agora, quanto para os bons, que com certeza virão. Por falta até de noções básicas de como lidar melhor com a economia, boa parte dos brasileiros chega às crises despreparada, e com isso amarga danos maiores em suas finanças, em sua vida.

Sempre é hora de aprender. E, para aqueles que sentem falta de decifrar esse mundo de números e notícias aterrorizantes, eu costumo comparar o mercado fi nanceiro como uma força da natureza, o mar. É preciso entender que ele pode mudar a qualquer momento, há horas em que você pode entrar, nadar, mas sempre ele oferece o risco de se transformar. Uma hora ele parece um lago cristalino. Em outros momentos, surge um repuxo que pode engolir você para o meio do perigo.

Antes de entrar no oceano financeiro, você precisa saber que tipo de navegador você é. Iniciante ou experiente? Conservador ou arrojado? Sabe nadar mesmo ou apenas tem uma noção e costuma abusar da autoconfiança? Tem o salva-vidas adequado se precisar ou está completamente exposto se a tempestade chegar sem aviso?

Trazendo para o mundo prático, responder a essas perguntas pode evitar dissabores capazes de abalar famílias, como o de alguém que nunca comprou uma ação na vida e decidiu investir todas as economias na Bolsa de Valores porque ouviu relatos de pessoas que enriqueceram em poucos anos. Acredito que você sabe como costuma terminar essa história, quando alguém decide investir sem contar com o risco de ser obrigado a, de uma hora para outra, ter de tirar o dinheiro para cobrir alguma despesa imprevista, e assim naufragar como investidor.

Apesar dos dramas a sua volta, fuja do pessimismo. Este momento, por mais desafiador que seja, oferece lições. Nós, brasileiros, temos de aprender com ele, e avançar também em educação fi nanceira. Não é hora de naufragar.

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