Saiba por que até gente esclarecida cai no golpe das pirâmides financeiras

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Multiplicar o dinheiro de forma rápida seria a solução perfeita para os problemas de muitas pessoas. Por isso, propostas de ganhos fixos e altos são tão tentadoras e levam muitos investidores a fecharem os olhos para os sinais de alerta de fraude. Sem punições severas para crimes dessa ordem no Brasil, as pirâmides financeiras fazem cada dia mais vítimas. Apenas a Associação dos Investidores de Criptoativos (Assic) reúne cerca de 40 mil prejudicados.

Os golpes usam quase sempre a mesma estrutura: um negócio disruptivo e ainda pouco conhecido, como criptomoedas; a chancela de amigos que indicam ou de celebridades que transmitem credibilidade; e a promessa de um farto retorno sem riscos.

A anatomia desse tipo de fraude é sempre muito parecida. Na última semana, a Polícia Federal desvendou uma pirâmide financeira que afetou, ao menos, 1,3 milhão de investidores em mais de 80 países e causou prejuízos de R$ 4,1 bilhões.

Cunhada de “La Casa de Papel”, a operação apreendeu 25 carros de luxo, duas lanchas, 150 cabeças de gado, 20 imóveis, esmeraldas e relógios. Tudo comprado com o dinheiro das vítimas a quem prometiam ganhos diários, que poderiam chegar a 20% ao mês, mais de 300% ao ano.

Os percentuais são totalmente discrepantes ao de aplicações verdadeiras. Para se ter uma ideia, o Tesouro Selic, tido como o investimento mais seguro do país, devolve 13,75% ao ano atualmente, enquanto alguns Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) remuneram em até 18% no mesmo período. Já as aplicações em renda variável estão sujeitas à volatilidade e não têm rendimento garantido.

Ganho fixo de 10% também era a promessa do golpe aplicado pelo chamado faraó dos bitcoins, que atuava na Região dos Lagos do Rio. Glaidson Acácio dos Santos, o faraó, de 38 anos, que ostentava nas redes sociais para atrair vítimas, foi preso acusado de movimentar R$ 38 bilhões. Segundo os detetives, os aportes sequer eram aplicados em criptomoedas.

O criminalista Thiago Nicolai, do DSA Advogados, explica que as pirâmides financeiras são uma espécie de estelionato, que precisa de novos entrantes para se sustentar:

“A pessoa que investe R$ 20 é obrigada a levar outras duas, que também invistam esse valor. Então, R$ 10 de cada são usados para remunerar quem está no topo. Tem sempre um buraco na base da pirâmide”.

Pouco conhecimento

Para o advogado, muitos caem em golpes relacionados a criptomoedas porque o assunto ainda é bem desconhecido. Os olhos saltam ao ver um conhecido obter lucro rápido, e o investidor faz a aposta sem pesquisar a veracidade:

Psicóloga especializada em comportamento econômico, Vera Rita de Mello Ferreira diz que outro ponto para essas fraudes se multiplicarem é o otimismo excessivo, que leva a não se observar o risco. Quando os perigos são enxergados, o problema é a autoconfiança exagerada. A pessoa identifica o risco no contexto, mas acha que é esperta e tudo está certo.

Como se proteger

Desconfie de retorno fixo: Um sinal de alerta de que se trata de um golpe é a oferta de ganho garantido. As criptomoedas, por exemplo, são ativos de renda variável. Compare os rendimentos prometidos aos do mercado financeiro tradicional, confira se há uma empresa aberta, se tem CNPJ e verifique sites de reclamação.

Atenção à recomendação: As pirâmides financeiras só se sustentam com a permanente entrada de novos investidores. É o dinheiro aportado por eles que cobre quem está no topo. Por isso há incentivo para que o investidor traga amigos, inclusive, com oferta de bônus na rentabilidade de quem trouxer novos clientes.

Alternativa segura: Apesar de criptomoedas não serem reguladas e, portanto, não estarem sob a fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os fundos e ETFs com exposição a ativos digitais estão. Dessa forma, esse meio de investimento é uma forma mais segura de aplicação na moeda digital, alertam especialistas.

A quem reclamar: Ao identificar uma possibilidade de fraude, a orientação dos especialistas é denunciar à Polícia e ao Ministério Público. No entanto, em muitos casos é difícil identificar de fato o responsável pelo esquema, pois são usados terceiros em suas empresas.

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