Acordo entre serviços de transporte de Livramento e Rivera pode não estar sendo cumprido

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Um acordo de cavalheiros, firmados entre taxistas do lado Brasileiro e Uruguaio da Fronteira da Paz pode não estar sendo cumprido por todas as partes. O acordo, prevê que o taxista brasileiro não pode iniciar uma corrida em solo uruguaio e vice-versa. Com o avanço da tecnologia e chegada de novas opções de mobilidade em ambas as cidades, o acordou seguiu se mantendo e os carros de aplicativos seguem a mesma orientação que os taxistas.

Entretanto, um fato acontecido recentemente aflorou os ânimos dos prestadores de serviços. Um motorista de aplicativo ficou detido momentaneamente em Rivera no momento em que aguardava uma passageira. Segundo o motorista, ele havia aceitado uma corrida de uma passageira com idade avançada que realizaria uma consulta em Rivera e após retornaria com ele para a residência. No momento em que o condutor fazia o embarque para retorno à residência da passageira, taxistas do lado uruguaio acionaram as autoridades, informando que a captação de passageiros seria irregular devido ao acordo de cavalheiros. O motorista tentou alegar que não se tratava de uma nova corrida e sim foi somente uma parada no transporte que iniciou no lado brasileiro, entretanto, ficou momentaneamente detido no local até a averiguação da situação, junto com a passageira. Após algumas horas eles foram liberados.

A situação aflorou uma dúvida sobre a questão da fiscalização do cumprimento deste acordo. A reportagem do Jornal Correio do Pampa buscou ouvir todos os aplicativos de transporte, base de táxis e autoridades da fronteira, confira:

Autoridades

Em conversa com o Secretário de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, Marcio Gularte, o destaque é para o acordo, baseado na legislação de cada país. O carro de aplicativo só é regulamentado no Brasil, no lado uruguaio, passa a ser somente um carro de passeio. Sobre as ações de detenção e remoção, o secretário ressalta que é baseado na legislação especifica de cada país.

A reportagem tentou contato com o Diretor de Trânsito da Intendência Departamental de Rivera, Maurício González, onde o mesmo se encontrava em viagem, não podendo responder à solicitação no momento.

Táxis

Em conversa com o SindiTáxi, o representante do sindicato destacou que com relação aos taxistas parceiros e os taxistas uruguaios não há nenhum tipo de animosidade, sempre respeitando o trabalho de cada um.

Os gestores do Rádio Táxi não enviaram sua posição até o fechamento da matéria.

A cooperativa de táxis do Uruguai não atendeu as ligações da equipe de reportagem

Aplicativos

O gestor do Aplicativo Garupa em Livramento, Ricardo Brochado Campos, se manifestou sobre o episódio:

“Há tempos que esta situação de mobilidade ela está definida, com acordo patronal entre as empresas de mobilidade de táxi uruguaio e táxi brasileiro. Nosso aplicativo foi o pioneiro na cidade a 4 anos atrás. Uma das primeiras ações que fiz, foi procurar as lideranças políticas cidade, lideranças do lado uruguaio, tive reunião com Senhor Mauricio que é o diretor de transito, apresentei na câmara de vereadores, através do nosso vereador Galo que me proporcionou participar de uma apresentação na câmara de vereadores, comentei para saber como funcionava a parte de regulamentação que ela não existe, mas a parte de acordos que existe entre a parte mobilidade por ser uma fronteira seca, por ser uma fronteira de cidades únicas, mas sempre considerando que são dois países diferentes, com legislações diferentes, então tem que ser respeitadas. O aplicativo pode pegar o passageiro aqui, transportar e finalizar a corrida do lado uruguaio, pois se não tem a possibilidade de taxi uruguaio levantar passageiro do lado brasileiro como que este cliente passageiro vai ser transportado para o lado uruguaio se não for através de serviço de mobilidade existentes no brasil, ou seja, táxi e aplicativo. Dessa forma, tem que ser respeitado, o momento que leva o passageiro, tu transportou, finalizou, desembarcou e retornou vazio. A orientação desde o princípio é que nós passamos para todos os nossos parceiros do Garupa sempre foi a mesma, que não estamos habilitados e não temos a permissão de levantar passageiros do lado uruguaio, vamos respeitar, inclusive nos temos a parceria e eu acho que é um serviço que a gente presta com o benefício para a cidade de Rivera também, que é levar o passageiro uruguaio que está aqui fazendo suas compras em mercados, no comercio local, retornar para as suas casas com segurança, dentro do que nós oferecemos de serviço de mobilidade. Temos que respeitar, existe um acordo, é uma cidade de fronteira, fronteira seca, isso faz com que a gente tenha essa opção de disponibilizar os nossos serviços para este passageiro que está do lado brasileiro para o lado uruguaio, vejo dessa forma, respeitamos dessa forma e estamos cientes e conscientes que temos que trabalhar dessa maneira”.

Eduardo Socca Garcia, sócio do aplicativo Rota Sul, que iniciou suas atividades recentemente na fronteira, comentou sobre como vê este acordo:

“Até onde sabemos em conversas entre nossos motoristas e também de nossos clientes, em relatos o acordo na prática isso não acontece, mas no nosso ponto de vista do Rota Sul, por sermos cidades irmãs e a chamada fronteira seca e já termos vários momentos de integração entre as cidades, deveria haver um acordo entre a prefeitura de Livramento e a Intendência de Rivera, junto com os representantes de táxis uruguaios, brasileiros e dos aplicativos, definindo uma regra para que ambos viessem a poder atuar em ambos lados, pois tanto clientes uruguaios vem ao lado brasileiro como os brasileiros vão para o lado do Uruguai. Pois se já há tanta cooperação em vários eventos e setores das cidades irmãs, porquê não haver essa parceria entre todos? Mas claro isso deveria ser feito entre as partes envolvidas e que executam seus serviços dentro da legalidade, ou seja, táxis licenciados e os apps que utilizam plataformas para cobrança onde os valores já são tarifados”.

Tiago Salvadé Ribeiro, Gesto do Aplicativo Tibbor, destacou o que pensa a respeito do episódio:

“Dois anos atrás, quando inaugurei a Tibbor em Livramento, eu fui a Rivera, falei com o departamento de trânsito e falaram pra mim que a gente não pode levantar em Rivera, sendo que isso é um tratado, um acordo entre os dois países, tem as duas prefeituras, só que em vista isso não vem acontecendo esse acordo entre esses taxistas, tanto brasileiro quanto uruguaio, tanto brasileiro levanta lá, com aplicativo também, e como os uruguaios levantam aqui. Isso é escancarado, só que a fiscalização é mais rígida do que aqui. Então se a gente conseguisse um acordo entre as partes, flexibilizar mais essa situação seria bom para os dois lados, tanto brasileiro quanto uruguaio. Eu acho que todo mundo tem seu público, todo mundo tem seus clientes, nossos clientes são tudo brasileiro, os uruguaios não podem ser nossos clientes, o nosso aplicativo não libera para o celular internacional. Eu acho que devia ter uma flexibilização nessa questão, tanto da gente poder levantar lá quanto eles pegarem aqui, não teria o porquê privar isso ou deixar só eles lá e nós aqui, sendo que a gente pode deixar clientes lá. Até para não haver tanta discussão, para não haver tanta polêmica envolvendo isso, a gente deixou quieto, a gente não quis mais falar sobre isso, até para não gerar mais situações complicadas, até já conversei com o pessoal o pessoal do sindicato de lá, a gente vai marcar uma reunião para a gente conversar e tentar ver o que é mais flexibilizado para a gente tentar se acertar referente a isso. O que eu acho mais injusto assim nessa situação toda, é que eles entram aqui em livramento, fazem o que querem e conseguem sair tranquilo, sendo que lá não. Lá esses dias pegaram meu motorista, onde meu motorista foi autuado, guinchado o carro, teve que pagar uma multa alta em relação a isso, então complica. Aqui então, eles entram, levantam os clientes e a gente não pode fazer lá entendeu? Até conversei com o pessoal do sindicato dos taxistas de lá e eles me falaram que se pegarem algum taxista uruguaio aqui no brasil, podemos chamar a Brigada Militar. Mas é complicado, não dá para ficar se envolvendo em polemica, não quero me envolver em polemica, meu aplicativo hoje está rodando bem, então é complicado, mas espero que as autoridades tomem alguma providência sobre isso, ou a gente tenta um acordo de novo, mudar esse acordo, pois acho que sinceramente é uma palhaçada, acho que a gente não interfere em nada lá se a gente for levantar clientes lá, mas cada um sabe o que faz”.

Por enquanto, a situação se mantém o com acordo de cavalheiros, entretanto, este atrito pode aumentar e ocasionar mudanças.

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