Santanenses por aí: O que acham da cidade atualmente?

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A reportagem do Jornal Correio do Pampa conversou com santanenses que não estão mais morando na Fronteira da Paz, em busca de entender o que motivou cada um deles a irem para outra cidade ou estado. Quais histórias que os cercam para deixarem Sant’Ana do Livramento somente como rota para passeios. Foram entrevistadas três pessoas, Marcos Liguiçaman e Kawã Xavier, que estão atualmente em Caxias do Sul e Isadora Barreto, atualmente em Capão da Canoa, confira:

CPAMPA: Com quantos anos você saiu de Livramento?

Isadora Barreto: “Sai de Livramento com 17 anos”.

Kawã Xavier: “Sai de Livramento com 20 anos”.

Marcos Liguiçaman: “Me mudei com 17 anos”.

CPAMPA: Qual cidade escolheu para morar e qual a motivação para escolher essa cidade?

Isadora Barreto: “Primeiramente fui para Caxias do Sul onde já moravam minha irmã e cunhado. Depois casei e fui pra Três Coroas e atualmente moro em Capão da Canoa. Escolhi essas cidades pois ao meu ver tinha inúmeras oportunidades que jamais teria em Livramento”.

Kawã Xavier: “Escolhi Caxias do Sul, pois a minha motivação veio das muitas oportunidades que tem aqui”.

Marcos Liguiçaman: “Vim para Caxias do Sul com o objetivo de estudar e trabalhar, pois em Livramento eu largava bastante currículos e como nunca tinha trabalhado ninguém me chamava nem para entrevista, então quando meus tios vieram nos visitar eu voltei com eles para Caxias”.

CPAMPA: Foi sozinho(a)?

Isadora Barreto: “Sim fui sozinha”.

Kawã Xavier: “Eu vim com minha mulher, também santanense”.

Marcos Liguiçaman: “Vim sozinho no início, mas após nove meses, minha irmã e minha mãe vieram também”.

 

CPAMPA: Caso tenha saido da cidade por trabalho, Atualmente qual sua profissão?

Isadora Barreto: “Sou Costureira”.

Kawã Xavier: “Hoje eu sou operador de máquina, e estou cursando técnico em eletromecânica”.

Marcos Liguiçaman: “Atualmente trabalho em um supermercado onde sou gerente de produção”.

 

CPAMPA: Voltar para Livramento somente a passeio ou para ficar?

Isadora Barreto: “Eu voltei pra Livramento com a família duas vezes, uma em 2016 e outra em 2019 e em nenhuma dessas vezes foi possível ficar. Atualmente repenso até a hipótese de ir a passeio”.

Kawã Xavier: “Volto sempre que posso, mas apenas a passeio”.

Marcos Liguiçaman: “Voltar para livramento é uma coisa que não está nos meus planos pelo menos por enquanto”;

 

CPAMPA: Qual o sentimento sobre a situação atual de Livramento?

Isadora Barreto: “Infelizmente o sentimento é o mesmo de sempre. Me Criei aí nas ruas de chão, no abandono, na saúde precária, na falta de emprego e oportunidades. Em 2016 eu voltei, crendo que tinha melhorado, e infelizmente aluguel caro pra moradias em condições precárias, emprego com salário baixo pros gastos pra viver aí, então voltamos a Caxias, desisti de ficar perto da Família. Em 2019 resolvi tentar novamente, sentia falta, achei que tinha melhorado, mas foi pior que da primeira vez. Meu esposo trabalhou com obras e até cuca na rua vendeu. Na saúde sofri agressão moral e descaso no parto da minha filha, onde quase perdi ela. Depois de tudo isso, de passar necessidade e de morar literalmente no meio do esgoto dos vizinhos, recebemos uma proposta pra Capão e aceitamos. Foi a melhor decisão que podíamos tomar,  tudo preparado por Deus. Fico frustrada ao ver a situação, porém requer muito dos moradores a mudança também. Vejo o povo reclamando por tudo e se arrumam algo criticam, infelizmente nada mudou em 11 anos fora”.

Kawã Xavier: “Eu vou à Livramento sempre que posso, e cada vez que vou a cidade, está mais precária, E a falta de oportunidade obriga muita gente a buscar outras cidades”.

Marcos Liguiçaman: “Acompanho bastante as notícias de Livramento quase que diariamente em vários lugares. Sempre quando volto para livramento a passeio vejo a cidade cada vez mais jogada e fico bem triste com isso”.

O desafio para manter talentos, aliás, não é novo. Em 2019, a FGV Social mostrou em pesquisa que 47% dos jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, queriam deixar o Brasil, um recorde no levantamento feito desde 2005. Assim, surge a insistente pergunta: o que fazer para que profissionais escolham permanecer ou até vir para cá?

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