Sem acordo, médicos interrompem prestação de serviço na Santa Casa

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O atendimento na Santa Casa de Misericórdia enfrentou essa semana o seu momento mais crítico, a partir do comunicado de que os médicos interromperiam os serviços a partir das 23h59 de quarta-feira (20), e os anestesistas parando às 23h59 de quinta-feira (21), em decorrência do término do aviso prévio.

Na tarde de quinta-feira (21), a prefeita municipal ingressou com uma notificação extrajudicial contra os médicos que haviam interrompido o atendimento, logo após, concedeu coletiva de imprensa, destacando que os atendimentos no Pronto Socorro e na UTI permaneceria sem alterações, pois a instituição hospitalar ainda contava com profissionais da área da medicina em seu quadro. Segundo informado, os atendimentos que necessitassem de cirurgias ou anestesias, seriam encaminhados para outros Município ou, dependendo da gravidade, seriam atendidos no Centro Hospitalar Santanense.

A situação chegou a este ponto, após a categoria, em assembleia geral, não aceitar a proposta feita pelo Executivo Municipal, referente aos pagamentos dos valores em atraso.

Em conversa com o Diretor de Interior do Simers, médico Luiz Grossi, o sindicato está tratando este caso como sempre tratou, estando aberto a negociações, destacando que a proposta feita pela categoria não foi muito distante do que a Prefeitura propôs, incluindo no acordo o salário de dezembro de 2020, que poderia ser pago em parcelas, e o pagamento integral dos valores referentes aos meses de maio e junho de 2022.
Segundo Luiz Grossi, este acordo foi firmado com os médicos que prestam atendimento na UTI e no Pronto Socorro, explicando que a Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa é referência do Estado, recebendo recursos de fora, possibilitando os pagamentos.

“Ou ela está brincando com a saúde, ou está de má fé. Como vão ser atendidos casos graves que necessitem de anestesista, ou se alguma gestante precisar de atendimento mais especializado, como irá se deslocar dentro de uma ambulância por horas até um hospital mais próximo. Na quinta-feira (21), um brasileiro foi esfaqueado e levado ao hospital de Rivera para atendimento, sendo devolvido para a Santa Casa pela nacionalidade, até esta data ainda haviam os últimos remanescentes anestesistas dentro do hospital, mas agora não, e os pacientes que morrerem serão responsabilidade única e exclusiva da prefeita Ana Tarouco”, explanou.

Sobre a notificação extrajudicial ingressada pela Prefeitura Municipal contra os médicos que deixaram de atender na Santa Casa, o diretor Luiz Grossi disse que receberam a notificação com desprezo, caracterizando a ação como um blefe do Executivo.

“Tenho escutado as entrevistas da Prefeita e vejo que ela se atrapalha com números, ao informar os profissionais que permaneceram no hospital. Na realidade ficaram atendendo em torno de sete profissionais médicos na UTI e no Pronto Socorro. Porém 31 profissionais entregaram suas cartas de demissões, entre eles anestesistas, pediatras, traumatologistas, cirurgiões, entre outras especialidades”, frisou.

O diretor de Interior do Simers disse que o sindicato está observando os próximos fatos, estando organizado com o vice-presidente, presidente, assessores e jornalistas, para a qualquer momento chegar na cidade a fim de acompanhar de perto a situação.

“Em agosto haverá uma mediação com o MP para tratarmos sobre o assunto, mas seguimos de perto acompanhando toda situação e tentando encontrar uma solução para que a comunidade não venha a pagar uma conta que não lhe compete”, finalizou.

 

“Continuamos com UTI e Pronto Socorro habilitados para atender”

A diretora da Santa Casa de Misericórdia, Leda Marisa conversou com a reportagem do Correio do Pampa, explicando que os atendimentos na UTI, Pronto Socorro e internações estão acontecendo dentro da normalidade.

“O que terminou foi o serviço dos cirurgiões e dos anestesistas, por conta disso, acionamos todas as instâncias de saúde. O Município declarou situação de emergência na saúde, e isso nos permite procurarmos outras medidas para não interrompermos os atendimentos. Neste momento estamos operando o plano B, a fim de garantir os serviços para a comunidade”, destacou.

Para que os atendimentos permaneçam, Leda Marisa disse que, se necessário, os pacientes deverão ser removidos para outros municípios, de acordo com a situação. As interrupções dos serviços iniciaram pelos cirurgiões e anestesistas, e serão seguidas, conforme aviso prévio, pelos pediatras e traumatologistas.

Comitiva do Simers reunirá médicos de Livramento em busca de soluções para a situação da Santa Casa 

O vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul- Simers, Marcelo Mathias, realizará reunião com os médicos de Livramento, nesta segunda-feira (25).  O dirigente da entidade objetiva acordar ações em defesa dos profissionais desligados da Santa Casa.

A categoria apresentou proposta ao Executivo Municipal buscando os pagamentos atrasados no ano de 2022 e negociação de honorários atrasados dos anos anteriores. O encaminhamento do Simers não foi aceito pela Prefeitura e Santa Casa. A entidade médica oficiará o Conselho Regional de Medicina (Cremers) sobre a ausência de responsável técnico na UTI do hospital há 6 meses e alertará sobre a possibilidade da falta de RT no local, a partir do dia 22 de julho.

Marcelo Matias também pretende se reunir com autoridades ressaltando a disponibilidade de negociação e diálogo com as autoridades locais e gestão municipal a fim de buscar alternativas viáveis que possibilitem a valorização e respeito aos profissionais e principalmente a assistência à população.

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