História

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AS MULHERES GUERREIRAS

Assisti um filme sobre uma expedição espanhola à procura de uma cidade de ouro na floresta amazônica. Uma lenda narrada pelos índios que despertou a cobiça dos aventureiros ambiciosos. Certo trecho do filme, a expedição encontrou um velho soldado que vivia entre os índios de uma tribo, que os alertou sobre o rio das mulheres guerreiras. Quem eram essas mulheres temidas pelos índios?

Naquele dia 24 de julho de 1541, a enfraquecida expedição de Francisco de Orellana que já estava a meio ano navegando pelas águas intempestivas de um rio tão largo, grande e forte quanto jamais se vira. O frei dominicano Gaspar de Carvajal, cronista oficial da desventura, sacou da pena para registrar a primeira aparição de fato das mitológicas amazonas na história das Américas, e assim registrou: Eram mulheres muito alvas e altas, com cabelo longo e enrolado na cabeça. São muito robustas e andam nuas em pelo, tapadas suas vergonhas, com arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra quanto dez índios homens e, em verdade, houve uma que enterrou uma flecha a um palmo de profundidade no bergatim, e as outras pouco menos, de modo que, finda a luta, nossos barcos pareciam porcos-espinhos. A lenda conta que determinada época do ano as Amazonas atacam aldeias e capturam os homens que são levados cativos para acasalamento. As crianças que nasciam eram aceitas apenas as meninas, os meninos eram entregues nas aldeias. Com o passar dos anos, elas eram treinadas para serem guerreiras. Orellana fora se juntar ao imenso grupo liderado por Gonzalo Pizarro que partira da capital do império inca em busca do reino da canela, em tese, localizado além da cordilheira. Uma planta medicinal, com muitas propriedades, a canela era uma riqueza inestimável, muito valiosa no século XVI. No natal de 1541, famintos e febris, Pizarro e Orellana enfim venceram a árida e gelada barreira dos Andes, mergulharam num ambiente ainda mais ameaçador; a maior floresta jamais vista por um europeu.  A canela foi encontrada, mas poucas arvores esparsas sem nenhum valor comercial. Orellana foi autorizado a construir um barco e, com 57 homens, descer o rio que iria se chamar Coca para saquear as aldeias ribeirinhas. Foi um fracasso, em seis dias a corrente o empurraria quase mil quilômetros rio abaixo. Não havia aldeias, só mato e água. Com oitenta homens esmaecidos, famintos, chegaram em Quito em 12 de agosto de 1542, sem canela, cães, cavalos e sem ouro.  Exatas duas semanas mais tarde, um mês após enfrentar 12 amazonas (e matar 7 delas) e ter navegado 7.250km, Orellana e seus 48 sobreviventes chegaram ao Atlântico. Tornavam-se os primeiros homens a navegar o segundo maior e mais misterioso rio do planeta. Rio que leva o nome de Amazonas em homenagem as mulheres guerreiras da mitologia grega.

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