Diálogo

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O silêncio palestino no Ramadan   

Antes do islamismo, os beduínos do deserto prestavam adoração a vários deuses. A Península Arábica estava basicamente dividida entre as regiões litorânea e desértica. Os desertos da Arábia eram ocupados por uma série de tribos vagantes, que tinham seus integrantes conhecidos como beduínos. Os beduínos não apresentavam unidade política, eram politeístas e sobreviviam das atividades de pastoreio organizadas nos oásis que encontravam no interior da Arábia.

Sob o aspecto religioso, prestavam adoração a objetos sagrados, forças da natureza e acreditavam na intervenção de espíritos maus. Para que pudessem promover as suas crenças e rituais, os beduínos se dirigiam até as cidades litorâneas que abrigavam vários de seus símbolos e objetos sagrados. Com o passar do tempo, esse deslocamento regular firmou uma significativa atividade comercial onde os beduínos aproveitavam para realizarem negócios com os comerciantes das cidades sagradas. Dessa forma, a economia da Península Arábica era fortemente influenciada pelo calendário que determinava as festividades dedicadas aos vários deuses árabes. Já nessa época, as cidades de Meca e Yatreb se destacavam como grandes centros comerciais e religiosos.

Pregando uma crença de natureza monoteísta, Maomé, o maior profeta do islamismo, possibilitava mudanças profundas no mundo árabe. Com a expansão do culto a uma única divindade. As constantes peregrinações religiosas, vários comerciantes da cidade de Meca se opuseram à expansão da crença muçulmana em seus primórdios, mas graças à organização militar dos primeiros convertidos, Maomé conseguira vencer a resistência dos comerciantes de Meca contra o islamismo. Além disso, a nova religião não abandonou todas as crenças anteriores ao islamismo e preservou a importância religiosa das cidades comerciais. Dessa forma, o islamismo pôde conquistar a Península Arábica a partir do século VII.

Meu avô materno, Hassan Saady, ouvia pelo rádio os conflitos no Oriente Médio, ficava abatido e às vezes até chorava de tristeza. Tinha muita saudade da sua mãe viúva que ficara na Palestina. Quando da vinda para este continente a procura de meios para o seu sustento sem nunca abandonar sua fé. Daqui remetia algum dinheiro para a sua mãe, pois ela era muito pobre devido à guerra que havia aniquilado quase todos palestinos pela derrocada do Império Otomano na 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e a Tríplice Entente, a aliança militar formada por Reino Unido, França e Império Russo, onde a Liga das Nações, organização antecessora da ONU, determinou que a administração da Palestina fosse entregue à Grã-Bretanha. Começava ali, no ano de 1920, o Mandato Britânico. Em 1922 meu avô escapa no porão de um navio para Argentina, depois para D. Pedrito. Viviam na palestino aproximadamente 1 milhão de muçulmanos. Eram descendentes dos árabes que tinham chegado à região por volta do século VII, e de outros povos mais antigos ainda, como os cananeus, que já ocupavam a chamada Terra Santa milhares de anos antes de Cristo.

Há muitos poetas heróis na Palestina. No diário do guerrilheiro Mazin Abu Ghazzalah registra: “Ó meu povo, ó minha pátria, o que posso escrever e para quem? Espero não ter que escrever até a carta da vitória. Assoviem, ó balas e cala-te, lápis!”

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