História

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O INDIO SEPÉ TIARAJÚ

Foi o índio Sepé um dos heróis das missões jesuíticas. Alferes da redução de São Miguel, embora fanático, não resta a menor dúvida que foi, no seu tempo, o mais denodado campeão da liberdade da sua raça. Ele, índio guarani, educado com esmero na arte da guerra, entendia que ninguém tinha o direito de usurpar seus lares, invadindo suas terras. Assim tornou-se Sepé, o terror dos portugueses e espanhóis, que foram muitas vezes desbaratados pelos seus. Sepé foi, pois, o ídolo dos indígenas catequizados nesta província. É que o sangue americano lhe borbulhava nas veias e o sentimento de patriotismo lhe inundava o coração. Ele nunca se conformou com a entrega das reduções aos portugueses. Formou-se contra os missioneiros a maior coalizão militar colonial com mais de três mil soldados que formavam o exército luso-espanhol que derrotou os guaranis. Em posição de combate, portugueses e espanhóis de um lado, missioneiros de outro, foi Sepé Tiaraju que advertiu para a desproporção das forças. Para combater o inimigo, Sepé insistiu na ação de guerrilhas. Em 7 de fevereiro de 1756, os aliados se encontram nas proximidades do rio Vacacaí, no atual município de São Gabriel. Ali sofriam constantes ataques relâmpagos dos índios guiados por Sepé. Numa das escaramuças de Tiaraju, um grupo de soldados espanhóis comandados pelo próprio Dom José Joaquim Viana, perseguiu os índios da escolta de Sepé. Desta perseguição, o valente Sepé Tiaraju resultou ferido por uma lança de um cavaleiro português, caindo ao solo. Alcançado por Viana, este acabou de matá-lo com um tiro de pistola. Á noite, os companheiros de Sepé voltaram ao local e enterraram-no. Três dias depois, os guaranis sofreram sua mais devastadora derrota. As forças guaranis foram dizimadas em apenas uma hora e 15 minutos, na coxilha de Caiboaté (hoje São Gabriel). Foi uma das maiores carnificinas da época colonial, conforme registros das testemunhas. Essa tragédia abriu as Missões aos executores do Tratado de Madri. Em maio de 756, os exércitos coligados entraram nas reduções. Grande parte dos índios se embrenhara nos matos. A casa dos padres de São Miguel ardia em chamas. Terminava assim a guerra das Missões. Com a figura de Sepé Tiaraju nasce o mito e as lendas que aumentaram os seus feitos foram criadas por poetas, escritores e cronistas de história. Por ter lutado contra os invasores das Missões, alguns historiadores o consideram “o primeiro caudilho rio-grandense”.

 

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