OS PRIMEIROS COLONOS
Eu tentei imaginar como teria sido a vida dos primeiros colonos alemães que pisaram o solo Rio-Grandense. Eles cruzaram os mares com promessas de ganhar levas de terras no Novo Mundo. Um futuro incerto os esperava, pois, teriam que enfrentar desafios em terras desconhecidas e bravias. Então, fui a procura de algum registro antigo que descrevesse os momentos vividos por aquela brava gente. Portanto, investigando, encontrei o relato do padre Ambrósio Schupp contido no livro Cronologia da História Rio-Grandense de 1936, onde selecionei alguns trechos, como segue: “A história de cada um é quase sempre um entrecho de peripécias, de vicissitudes, de sofrimento, e sacrifícios, em que não raro o dedo da bondosa Providência aparece tecendo os seus fios da maneira mais comovente. Superados, porém, os primeiros obstáculos e vencidas mil dificuldades, o cuidado cedeu lugar à alegria, e o contentamento veio dissipar- lhes a nostalgia do torrão natal. O colono, que na velha pátria vivera em meio de necessidades e privações, podia agora olhar, como proprietário, para uma extensão de terra de uns 200 a 300 hectares. Aos primeiros imigrantes não tardaram a seguir outros. As informações dos compatriotas que os haviam precedido, e as vantagens sedutoras que se lhes ofereciam, atraiam bem depressa centenares e centenares de indivíduos, a quem as condições apremiantes na pátria se haviam tornado insuportáveis. Novos trechos de terras foram, então, medidos e demarcados, e novos lotes distribuídos. Na medida e demarcação desses lotes, procediam os agrimensores da maneira seguinte: em primeiro lugar abriam, pelo mato a dentro, uma picada – caminho estreito e comprido; perpendicularmente à picada, e a distância de cem em cem metros, mediam trechos maiores de 1.600 braças cada um. Ficava assim demarcado o prazo que se entregava a cada colono. O conjunto de lotes formava um núcleo, que recebia um nome oficial, e era confiado a superintendência de um diretor de colônia. Além do nome oficial, porém, costumavam os colonos pôr-lhe outro nome alemão, na maioria dos casos foram os primitivos colonos os que puseram esses nomes às picadas. Também os morros e os vales tiveram os seus nomes germânicos. Como é bem de ver, crescendo a população, aumentou, naturalmente o número das picadas; já uma serie delas contava-se ao longo das margens do Rio dos Sinos; e não tardou muito que a mata virgem se transformasse em uma paisagem habitada e, no, meio da floresta, aqui acolá, ora num vale aprazível, ora na encosta romântica de um cerro, abriam-se mais e mais novos claros, onde cepos de árvores carbonizados e algumas choupana mesquinha eram os sinais de que ali se havia estabelecido um imigrante”.
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