Aniversário da Santa Casa gera polêmica em Livramento

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Sant’Ana do Livramento, dia 15 de outubro, às 7h, conforme programação, têm início uma festa em comemoração ao aniversário da Santa Casa de Misericórdia, com apresentações artísticas e musicais. Enquanto isso, nas redes sociais, moradores vizinhos ao hospital e familiares de pacientes, denunciaram a falta de respeito e a desobediência à legislação. O assunto foi tema de debate na Câmara de Vereadores, críticas nas redes sociais e nota da direção do hospital. Diante dos fatos, a reportagem do Correio do Pampa conversou com vereadores e com o presidente do Sindisaúde, a fim de saber a opinião de cada um sobre o ocorrido.

 

Silvio Madruga

Presidente do Sindisaúde

“Essa é uma situação que foge da nossa alçada, pois a Santa Casa está sob intervenção, quem manda no hospital é a prefeita e os seus cargos de confiança dentro do hospital que são a Leda Marisa e o administrador. Eles tomaram esta decisão, aos trabalhadores não cabe nada, até alguns participaram das comemorações. Trabalhamos para manter o silêncio dentro do hospital, recuperar os internos para que os mesmos retornem para suas famílias. Achamos que não foi uma boa decisão, pois ali não era o local, o departamento de marketing da Santa Casa falhou neste ponto. Porém estas ações são decisões de Governo, não temos muito o que falar, a não ser lamentar porque este ato sai do rito do hospital. Existe uma lei e precisa ser respeitada por toda sociedade, somos contra qualquer ação deste tipo, e que este episódio sirva de exemplo para que nunca mais aconteçam eventos assim. É bem diferente quando vai um grupo tocar violão nos quartos, ou um coral cantar, porque isso é salutar e utilizado dentro dos grandes hospitais”.

Thomaz Guilherme

Vereador do PTB

“Conforme episódio que houve na sexta feira (15) em frente a Santa Casa, minha opinião é que foi errado ter feito “show”, poderia ter sido feito de outra forma, como nos outros anos com a Fanfarra, talvez assim não teria tanta revolução como teve na sexta. Mas, lembrando que, nos três anos do governo anterior também houve a mesma situação, e não tem como não comentar que, em 2018, 2019 e 2020 a Fanfarra se apresentou dentro da Santa Casa e ninguém gritou. Também houve apresentação no CHS e da mesma forma, ninguém gritou, agora ninguém lembra. Claro que foi errado, o que eu posso dizer à comunidade e às pessoas que me procuraram, foi o que falei ao Executivo, que não se repita mais esse tipo de situação”.

Elso Alvienes

Vereador do PSC

“Quanto a questão do evento ocorrido em comemoração aos 133 anos da nossa Santa Casa, o qual está sendo objeto de Pedido de Impeachment e, tendo em vista que faço parte da Comissão Processante, devo me manifestar somente nos autos da Comissão, onde serão apurados todos os fatos envolvendo o evento. Qualquer manifestação desse vereador fora dos autos poderá caracterizar adiantamento de juízo de valor e prejudicar a imparcialidade que a Comissão Processante deve ter para melhor apurar os fatos”.

Jovani Romarinho

Vereador do PR

“Fui um dos primeiros a emitir uma nota sobre o assunto, pois senti essa obrigação por ter feito campanha com a Ana Tarouco e com o Evandro Gutebier, sou do partido do vice, embora tenha muito claro que eles são Executivo e eu Legislativo. Esse fato, principalmente muito me toca, porque sou um dos responsáveis por eles estarem lá. Acredito que os organizadores do evento foram infelizes da forma como o mesmo foi feito, porque a população entendeu que aquilo era ‘sambar na cara da sociedade’. Teriam muitas outras formas de comemorar o aniversário do hospital. Dia 15 era meu aniversário também e, no mesmo dia, sofri a perda de um familiar na Santa Casa. Meus familiares sentiram como um deboche o que aconteceu. Não concordo com quem tomou esta decisão e nem com a forma como ela foi tomada, mas sempre deixando muito bem claro que não é a questão do pagode, a crítica é em cima da forma de realização do evento, pois existe uma legislação e uma placa em frente ao hospital a qual, enquanto cidadãos devemos respeitar. Com esse ato não concordamos, deveriam ter feito em outro espaço”.

Rafael de Castro

Vereador do PSB

“Na sexta-feira (15) estava vindo para a Câmara à noite para um evento e me chamou atenção o fechamento da Rua Treze de Maio esquina com a Manduca Rodrigues, fiquei um pouco chocado, mas percebi a presença de autoridades do Executivo no local. Após as manifestações e, com base na legislação, o evento foi feito fora do contexto e, ali no local, existiam pessoas que sabiam que o evento não poderia ser realizado. Realmente foi um erro, não poderia ter acontecido o evento, e o que me deixou mais triste é que não vi, após o evento, nenhuma nota pedindo desculpas aos pacientes e à comunidade sobre o ocorrido”.

Cleber Custódio

Vereador do PDT

“Sou totalmente contrário ao fato ocorrido, pois foi uma falta de respeito com as pessoas que se encontravam dentro do hospital, com seus familiares e com a população santanense em geral. Além do que, o evento realizado em frente à Santa Casa infringiu a Lei do Silêncio, perturbando os pacientes acamados que se encontravam dentro da instituição hospitalar, reestabelecendo sua saúde. Lamentável que tenhamos que presenciar fatos como estes”.

Dagberto Reis

Vereador e presidente da Comissão de Saúde

“Prefeita deve desculpas ao povo santanense. O encaminhamento do processo de afastamento da prefeita é tecnicamente incontestável para qualquer leigo, não precisa ser um especialista em direito. Ela infringiu a lei, ao Código de Posturas do Município, artigo 64, onde está claro, cristalino, que não é permitido ” diversões ruidosas” em um raio de 80 metros do hospital.  A festa ocorreu no saguão do hospital, ou seja dentro do recinto hospitalar com o som altíssimo, as pessoas dançando, um verdadeiro baile com a participação da prefeita.  Tudo comprovado nas redes sociais. O pedido de afastamento está materializado, é robusto. A prefeita errou e errou feio. As desculpas evasivas como ” não gostaram do tipo de música ” ou ” meia dúzia de pessoas não vão derrubar um coração entregue a esta cidade”, são pura retórica protelatória, sem nenhum sentido.  Também a apresentação de bandas, em outros momentos, não serve de justificativa.  Um erro não justifica outro. A prefeita, que não respeita o Legislativo, é uma autocrática e deve sim um pedido de desculpas aos familiares, aos doentes internados na Santa Casa, aqueles que no momento do baile saiam do hospital com um familiar morto, ou os que davam entrada no Pronto Socorro com uma menina, possivelmente vítima de violência. Os corações santanenses são solidários, hospitaleiros, humanos, o da prefeita não pulsa desta forma, é arrogante, presunçoso, cruel, desumano. Não é coração de Santana. E quanto ao pagode, ao samba, o baile, o som alto, gostamos muito, mas não em frente a um hospital. Com certeza, somos muito mais do que meia dúzia e não nos calarão”.

Romário Paz

Vereador do MDB

“Minha opinião é contrária ao evento que ocorreu, acho que toda essa situação ocorreu pela simples falta de diálogo do executivo. Toda essa polêmica foi causada por eles, por decisões monocráticas. Me considero um político de diálogo e mediação, e esse tipo de evento embora seja de autonomia do Executivo, quando é dialogado com Legislativo, faz com que esse tipo de polêmica seja evitada. Não preciso entrar no mérito sobre a falta de empatia com pacientes internados porque isso é notório. Gostaria apenas de mais diálogo entre os poderes, coisa que prezei muito quando fui presidente da

Câmara”.

Nota de Esclarecimento

Procurados pela reportagem, o Executivo Municipal não quis se manifestar.

Após os fatos, a Santa Casa de Misericórdia emitiu uma nota, com a seguinte redação:  “Ao contrário do que vem sendo objeto de polêmica nos últimos dias, a envolver o evento dos 133 anos da Santa Casa, esta Instituição vem a público reforçar seu compromisso com a qualidade dos serviços prestados, bem como o bem estar de pacientes, familiares e funcionários, razão pela qual o evento contou com diversas atrações ao longo do dia, não se tratando de “show”, como querem fazer crer alguns, mas apresentação de artistas voluntários, tendo inclusive entre eles, os músicos que são funcionários do nosocômio, que abraçaram o hospital. Causa espanto a postura polêmica e até mesmo controversa de alguns diante dos fatos, pois de há muito tempo a Santa Casa é agraciada com apresentações de bandas musicais, a exemplo da fanfarra nos anos de 2018, 2019 e 2020, conforme amplamente noticiado na imprensa local.

Para corroborar os fatos, cabe destaque a apresentação do dia 19 de setembro de 2019, ocasião onde uma orquestra, no mesmo local do evento deste final de semana, comemorava a chegada do ‘polêmico’ Instituto Salva Saúde, evento prestigiado por inúmeras autoridades, inclusive o atual Presidente do Legislativo. Ainda, durante o evento ora combatido com veemência neste final de semana, a Casa Legislativa – vizinha ao Hospital – realizava solenidade aos Professores, não tendo partido dela qualquer reclamação de importunação ou excessos, o que só reforça que não há qualquer razão aos ataques direcionados. Dito isso, a Santa Casa reforça que a intenção do evento era levar conforto e musicalidade a todos, sem ter havido qualquer reclamação de desconforto durante a realização do mesmo, não havendo qualquer excesso que justifique a malfadada tentativa de ofuscar feitos históricos alcançados pela atual direção da Santa Casa em parceria com o Executivo Municipal. A direção da Instituição lamenta que manobras ardilosas pretendam manipular a opinião pública e se solidariza com os pacientes que hoje encontram uma Santa Casa mais pujante e independente, caminhando diariamente para a ampliação dos seus serviços.

Cabe, por último, lamentar a parcialidade de alguns veículos de imprensa, os quais sem qualquer compromisso com os fatos, se limitam a divulgar versões unilaterais de alguns poucos interesses calcados na velha ordem que insiste em falar, quando já teve a oportunidade de fazer e nada fez. Diante dos fatos narrados, seguem os vídeos de eventos musicais anteriores realizados nos anos de 2018, 2019 e 2020 no Hospital pelas administrações anteriores”.

 

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